[FUTEBOL A OESTE] Rodada 18 - Grêmio Prudente 2x2 São José

     Empate amargo no Prudentão! 

     Em partida válida pela 18ª rodada do Paulistão A3 - correspondente a 3ª rodada da 2ª fase de grupos da competição - a equipe prudentina, após abrir 2x0 no placar, cedeu o empate ao São José ao final do confronto. 

     Com o resultado, o Grêmio Prudente soma sete pontos ganhos, e permanece isolado na liderança do Grupo 3, seguido do próprio São José, com quatro pontos, e das equipes do Desportivo Brasil e União Suzano, ambas com três pontos ganhos. 

     Adentrando à partida, a comissão técnica prudentina, em circunstância da lesão de Rodrigo, optou pela manutenção da composição do meio-campo com Assuério e Rafinha, nos moldes do proposto no decorrer do jogo anterior. Uma única diferença em relação à estruturação anterior se deu em relação ao posicionamento médio dos meio-campistas centrais, vez que Potiguar compunha mais a partir da faixa central direita, enquanto Rafinha se posicionava mais à esquerda.  

[1o tempo] Estrutura padrão inicial.

     Em termos de mecanismos e comportamento coletivo, a equipe tem consolidada sua identidade, ainda que em cenário de alteração pontual, ausente seu meio-campista titular Rodrigo. 

[1o tempo] Mecanismo defensivo padrão.

[1o tempo] Mecanismo ofensivo padrão.

     Exposto o planejamento inicial elaborado pela comissão técnica prudentina, a substituição de Assuério, lesionado, logo aos 8', e a opção pela entrada de Gabriel Silva no meio campo, foram fatores relevantes para o funcionamento e desempenho da equipe ao longo da partida. 

     A nova configuração reposicionou Potiguar à esquerda, posicionamento habitual, ao passo que Gabriel Silva compunha a faixa central direita do meio-campo. Como consequência do maior preenchimento da faixa central, Rafinha foi empurrado mais a frente, a ocupar a função de meia de ligação.   

[1o tempo] Variação de composição, e mecanismo defensivo.

[1o tempo] Variação de composição, e mecanismo ofensivo.

      No que tange ao comportamento defensivo, manutenção da estruturação média em 442, e nenhuma ulterior mudança significativa. Ofensivamente, no entanto, a entrada de Gabriel, pela própria característica do atleta - majoritariamente, um jogador que compõe bem defensivamente, lendo bem as ações adversárias em termos de antecipações e coberturas, todavia, mais limitado no que diz respeito à construção qualificada da posse ou às projeções e avanços com bola -, tende a representar maior preenchimento da faixa central, sem, no entanto, potencializar a circulação da posse e a fluidez da equipe.   

      Justamente pelos atributos técnicos de Gabriel, se faz mais delicado o encaixe coletivo do atleta com Potiguar, dono do meio-campo prudentino, líder do direcionamento e da construção qualificada da posse ofensiva da equipe, mas também limitado, por característica, em termos de progressão no campo adversário. 

     Isto posto, a escolha do comando técnico foi, na maior parte do tempo, pela composição da saída de bola com três homens, sendo Gabriel o meio-campista a exercer a função habitualmente pertencente a Potiguar, na iniciativa de recuo para direcionar a posse da equipe de frente, com campo de visão aberto. Dessa forma, coube a Potiguar assumir posicionamento médio mais avançado, ou não tão recuado, na tentativa de receber e direcionar as ações em plano mais adiantado no campo.    

     Em meio a um início de partida equilibrada, de certa forma confortável para a equipe prudentina, uma vez que não condicionada por uma postura defensiva mais agressiva e eficiente por parte da equipe adversária - diferentemente do ocorrido contra a equipe do União Suzano na rodada anterior -, cenário no qual a equipe conseguia, minimamente, progredir em bloco com a posse de bola até o campo adversário, aos 14', em sequência de bolas paradas, Leandro Freire abriu o placar, 1x0. 

     Com o placar favorável, materialização do comportamento padrão da equipe: compactação em bloco médio, e aceleração na transição ofensiva. Defensivamente, vale dizer, a equipe do São José pouco incomodou o sistema defensivo prudentino ao longo da primeira etapa, sempre limitada a equipe visitante em seu repertório ofensivo, consistente, sobretudo, em bolas alçadas a área adversária. 

     O Grêmio Prudente, por sua vez, em termos de construção coletiva e transição ofensiva, também pouco fez, seja pelo fator do desgaste físico em função das circunstâncias climáticas da partida, muito calor em Presidente Prudente na tarde de sábado, seja pelo cenário de mitigação do repertório ofensivo da equipe em razão das alterações promovidas pela comissão técnica. 

      Aos 34', no entanto, em uma das poucas transições efetivas da equipe, a conexão das peças, a ação almejada, a construção objetiva, veloz e qualificada, e o 2x0 no placar. Em iniciativa de Biazus - também um construtor ofensivo, tanto no passe longo quanto na progressão com bola -, diálogo entre Luquinha e Rafinha por dentro, bela inversão do meio-campista para o apoio do Helder no corredor direito, cruzamento, bola ajeitada por Édipo, e finalização de perna esquerda de Luquinha, mais um tento para o artilheiro da equipe no Paulistão A3.

     Desenhada conjuntura amplamente favorável, e encaminhada a vitória ao final do primeiro tempo no Prudentão, aos 44', em ocasião de disputa em velocidade após o lançamento longo de Biazus, Cesinha foi expulso pelo árbitro Thiago Scarascati em razão de agressão ao atleta adversário, conforme descrição da súmula da partida. Ação isolada e despropositada, no mínimo irresponsável por parte do atleta, e cuja repercussão se fez presente ainda na própria partida.   

     Do mais, no que diz respeito ao ajuste tático imediato, Rafinha compôs a lateral-esquerda até o término do primeiro tempo.    

[1o tempo] Variação de composição 02, e mecanismo defensivo.

     No retorno do intervalo, a comissão técnica naturalmente optou pela saída de Édipo para a entrada de Felix Jorge, estreando na competição pela equipe, reforçando a primeira linha defensiva com um lateral de ofício, e alçando Rafinha à função de referência central ofensiva. 

[2o tempo] Variação de composição, e mecanismo defensivo.

     De qualquer forma, evidente a alteração e o condicionamento do cenário do jogo, haja vista o prejuízo à equipe mandante, que, embora detivesse considerável vantagem no placar, além de pontualmente limitada em termos de repertório pela composição de meio-campo, jogaria com um jogador a menos por todo o segundo tempo. 

     Nesse ponto, importante analisar a opção pela composição da equipe com Rafinha exercendo a função de referência ofensiva, escolha que, embora tenha sido válida e até efetiva em alguns cenários, está longe de ser a ideal, isto porque, por característica, física e técnica, o atleta tende a ter dificuldade em receber bola longa, em transição rápida para o pivô ofensivo, ou em mero desafogo do sistema defensivo, de costas para os defensores primários, tendendo a perder a maioria dos embates físicos contra zagueiros mais dominantes nesse aspecto. Ademais, em termos defensivos, a ausência de alta intensidade no combate por parte do jogador aos primeiros construtores da posse não impõe significativa dificuldade à equipe contrária, de modo que permite maior comodidade no controle do direcionamento ofensivo e do ritmo por parte da equipe adversária sobre a sua própria. 

     Isto posto, acentuação do comportamento reativo da equipe da casa, compactando-se na altura da linha central, e limitando-se a poucos e ainda mais ineficazes períodos de posse de bola. Em contrapartida, natural crescimento da equipe do São José, em ímpeto, e em decorrências das alterações realizadas ao intervalo e no início da etapa complementar, o que resultou em amplo domínio territorial e de posse no campo do Grêmio Prudente. 

     Logo aos 53', em articulação pelo lado esquerdo ofensivo do São José, finalização da entrada da área e desconto no placar, 2x1. Continuidade do cenário de domínio territorial e de pressão no campo adversário por parte da equipe visitante.  

     Aos 64', mais escolhas contestáveis por parte da comissão técnica prudentina: ingressos de Felipe e Elias, em substituição a Wandson e Luquinha, respectivamente. Discutível manutenção da estrutura defensiva posta, com uma razoável intenção de reforço ao sistema defensivo pela dobra dos laterais do lado direito, corredor mais atacado pela equipe adversária, e inexplicável permanência de Rafinha em campo, sobretudo em exercício da função de referência ofensiva. 

[2o tempo] Variação de composição 02, e mecanismo defensivo.

     A despeito das intenções e razões por detrás das alterações promovidas, todas as escolhas permitiram, de alguma forma, a intensificação do domínio visto pela equipe do São José ao longo do segundo tempo de partida. A comunhão entre as características dos atletas e a composição coletiva foi um dos fatores a materializar a queda de desempenho, o enfraquecimento da equipe no decorrer do confronto.  

     No que diz respeito à equipe adversária, ainda que tenha exercido o referido domínio territorial e de posse de bola no campo ofensivo, notória a ausência de repertório ofensivo, de forma que somente recompensada com o empate após a insistência à exaustão dessa unilateral ferramenta ofensiva.

     Antes do empate, diga-se, a última alteração da equipe prudentina, entrada de Giovanni no lugar de Rafinha. Feita a dobra do lado esquerda também, e o Grêmio Prudente, no desespero de segurar a vitória, terminou a partida com seis defensores primários, e mais o polivalente Gabriel Silva, em campo.  

[2o tempo] Variação de composição 03, e mecanismo defensivo.

     Por fim, aos 84', novamente em construção pelo lado direito ofensivo, Freire afastou mal a bola alçada, e na sobra de uma primeira finalização, gol do São José. O desgaste físico e mental de ser pressionado contra a própria meta por muito tempo é brutal, e, geralmente, as falhas decorrem justamente da oscilação no alto nível de concentração exigido do atleta exposto a essas circunstâncias de partida. 

     Após o empate, a pressão se intensificou, e a equipe visitante poderia ter saído com a vitória do Prudentão. Ao final, um empate totalmente atípico, 2x2, e à equipe prudentina uma sensação de amargor pelo resultado construído no primeiro tempo, e de alívio por ter resistido à virada no placar.

     Em resumo, razoável desempenho coletivo - ótimo resultado construído na primeira etapa, obviamente, todavia, vinculado a ações pontuais em bola parada e em poucas transições ofensivas após a vantagem no placar, e não ao potencial controle e imposição de jogo -, condicionado às circunstâncias de atuação com um atleta a menos por metade do confronto. Quanto ao resultado em si, pertinente não se considerá-lo um revés, haja vista a manutenção da liderança isolada do grupo, encaminhada a classificação às semifinais. 

     Por derradeiro, registro do resultado da outra partida do Grupo 3: União Suzano 1x0 Desportivo Brasil.

     Seguimos! 

     Afinal, a bola não entra por acaso!